A tal da torcida


E cá estamos a dividir o calendário naqueles quatro anos de ser torcedor. De Copa do Mundo de futebol e também de eleições, já que política por aqui sempre é tratada meio como futebol, e todo mundo sabe. A novidade esse ano foi que a Copa não veio antes, mas depois das eleições, o que alterou algumas estruturas de nossa sabedoria popular, assim como da idiotice de alguns portas (vide as portas de quartel).

Vamos ficar sem saber agora, caso a copa tivesse sido em junho, e o Brasil ti
vesse vencido, se teríamos nos livrado do Jair do mesmo jeito em outubro, uma vez que reza a lenda que ganhar a Copa ajuda na reeleição? Mas não nos precipitemos. Se chegou sim a hora do Jair ir embora, tanto que já deu tchau antes do fim do ano, o hexa ainda aguarda.

Se bem que os sábios da internet já disseram: Lula foi eleito pela primeira vez em 2002, ano em que o Brasil venceu o penta, e agora, 20 anos depois, seria a terceira eleição de Lula o anúncio do hexa? Pode ser que a ordem dos fatores não interfira, afinal. Veremos como isso entrará para nossos anais místicos.

Mas o que me deixa encabulada é a tal da torcida. A confusão é tanta nesse país que, há quase 10 anos, a camiseta da seleção de futebol virou símbolo dos auto-proclamados patriotas, e, na eleição do Bolsonaro, em 2018, disseram até que nós que não votamos no crápula tínhamos mais que torcer pelo novo governo. E não deu certo foi por falta de torcida, por acaso?  Só que agora, que a Copa veio depois do presidente deles perder nas urnas, abandonaram a camiseta da CBF, não se fala mais nem em torcer pelo time esportivo nem pelo novo governo. Não querem mesmo nem ser confundidos com torcedor, e a ordem é não torcer.

Talvez meu problema seja falta de fé, ou de qualquer coisa parecida com esse sentimento de achar que o que eu quero vai mudar alguma coisa. Querer não é poder, como ensinam as mães. Mas se eles acham que sim, então que não torçam. Eu acho que não vai fazer diferença. A gente até torce, mas, a seleção perdendo ou ganhando, daqui a 4 anos tem mais Copa; Lula governa com a grande conciliação e, no final, só nos resta esperar (torcendo?) que não vamos todos perder de novo.

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