Crônica do tesão

Desconfio
de que os moralistas de plantão até que têm razão quando falam que hoje o sexo é exposto
demais e de tão exposto perde o mistério, falta tesão. Razão em parte. Acho que
o problema da exposição excessiva do sexo não é bem isso de perder o mistério,
mas de que as pessoas se viciaram a um tesão que vem sempre de fora, que elas
não se dão mais o trabalho de descobrir. É peito, coxa, bunda, músculo pra todo
lado! É claro que isso dá tesão. Mas é um tesão tão animal, que a gente esquece
que o tesão está também no que não é puramente sexual, e, mais ainda, na
construção da relação. Não que o tesão
animal não tenha valor, claro que tem, oras, o que é, afinal, a doce arte da
masturbação? Mas isso pra mim é tão limitador... Quer dizer que eu não posso
sentir tesão em alguém que não mostra nada disso? Ou, pior, que não é “bonita”?
Nem o tesão animal funciona desse jeito. Pra mim, o pior dessa cultura de superexposição
é porque teimam em regular o meu tesão e como eu devo usá-lo. Oras, vão todos se
masturbar! O meu tesão é meu, e nem eu mando nele!
Me
deixem desejar aquele cara dos belos olhos tristes e do sorriso inocente. E aquela
moça da voz rouca e cheiro sereno. E aquele outro tão certo das suas opiniões...
Essa gente de verdade, com que cruzo todos os dias, e que só por algumas
circunstâncias do destino nunca saberão do meu tesão.
Muito bom! adorei.
ResponderExcluirSó acho que faltou meu sorriso aqui! :x
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