Apenas um sopro de sentimentalidades
Gostaria de começar essa "crônica" pedindo desculpas, porque eu só sei escrever sobre o que eu amo. Pedir desculpas porque eu
só sei amar assim, intensamente, sentindo muita saudade, desejando ao máximo,
trazendo toda a vida para cada instante. Pedir desculpas porque escrevo sobre o que amo, mas eu sei que o
mundo não é – nem chega perto de ser – um paraíso, e a vida segue sendo,
sobretudo, muito injusta. Peço desculpas porque pensar em tudo isso dói muito,
sempre. Mesmo no debate ideológico mais caloroso, o pior continua sendo que
dói. No fundo, creio que tudo se resume a sentimentalidades: uns tem mais,
outros menos, e quem tem mais sempre vai se ferrar mais rápido, até aprender a
ser menos, bem menos, quase uma pedra de menos. E quem se recusa a isso vai
continuar sofrendo. Me desculpem, eu sempre serei aquela que vai continuar se
ferrando.
Não, eu não vivo em um mundo ideal, acho que isso está
bem claro. Não, eu também não acho que a arte deva se recusar a mostrar a dor
do mundo – as maiores obras que li me tocaram, justamente, porque representavam
o sofrimento. Eu apenas faço uma arte minha, que fala das coisas que amo e das que odeio. Mas, lá na entrelinha, o que está presente é toda a dor,
que me faz amar ainda mais as pessoas, próximas e distantes, amigas ou
desconhecidas, cada pedaço de vida. No fundo, peço desculpas porque, na
verdade, tudo aquilo que parece felicidade no que escrevo é só mais uma face da
dor, essa gigante onipresente.
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