Do tempo - ou Julho
Por alguma estranha razão, gostamos de
nos torturar com o tempo, Chronus, o devorador. Inventamos instrumentos para medi-lo e temos mania de comemorar aniversários, os anos, os meses e os
dias que nos marcaram de alguma forma.
Há algum tempo (ói ele perseguindo) venho perdendo o costume de querer marcar exatamente os acontecimentos (exceto o meu aniversário, que
pra mim é sagrado e ai de quem esquecer!), então me contento em saber datas
aproximadas. Não sei porque, e aí não sei mesmo, me apego aos meses em que as
coisas acontecem.
No primeiro dia de julho, enquanto
todos anunciavam isso no Facebook, como se os outros não tivessem calendário em
casa, sai andando pela rua pensando no que estava fazendo em julho passado. E
aí me dei conta de que não pensei naquilo como “um ano atrás”, mas
exatamente como “um julho atrás”.
Julho é um bom mês pra medir a vida, eu
acho. Há um julho eu estava de mudança também, como nesse julho, mas gorda e
feliz porque estava terminando a dissertação de mestrado. Há dois julhos eu
estava, de novo, de mudança, uma mudança ao mesmo tempo menor, em distância, e
maior, em simbolismo: estava indo morar com meu namorado. Há três julhos não estava
de mudança (ufa!), mas estava zanzando pela vida de solteira, “curtindo a vida
adoidado”. Há quatro julhos estava passando férias com a família, sendo que
ainda morava com ela. Há cinco julhos... o que estava fazendo mesmo? Ah é,
ainda estava na graduação. Desesperada com o tal TCC, mas curtindo a Copa do
Mundo, in love com um amigo que virou namorado. Não deu certo, acabou tudo dois
meses depois e ficamos por três julhos sem nos falar, até que, em julho de
2014, nos preparativos pra minha mudança pro interior, resolvi que tinha esquecido
tudo, ele também, e voltamos a nos falar. Olhando para tantos julhos, percebo o
quanto tudo mudou em tão poucos julhos. Sentimentalmente, materialmente,
fisicamente.
Ai, julho, que cilada. Enquanto todo
mundo curte as férias, eu resolvo te usar de exemplo pra bater um papo com a
vida...
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