De braços dados

Não sei quando foi que eu virei uma mulher adulta, mas deve ter sido quando parei de andar de braços dados com as minhas amigas. Só percebo isso quando assisto a essa cena: duas mulheres adultas desfilando pelo corredor de braços dados, como duas adolescentes. Mas hoje em dia (falou a velha) nem as adolescentes eu vejo mais andarem assim.

Andar de braços dados era desfilar pelo corredor inseguro da escola nos apoiando umas nas outras, com um largo sorriso na cara, rindo dos outros ou das nossas próprias idiotices – geralmente era a última opção mesmo. Mas, de qualquer maneira, seguras umas nas outras, e ainda com um certo charme.

Olho pro lado: onde estão meus braços amigos? Tudo que eu precisaria era descer essa avenida de braços dados com a minha amiga irmã, num gesto tão natural que nem perceberíamos. Não que quisesse voltar pra adolescência – não mesmo! Só queria ter trazido comigo esse gesto simples e acalentador do corpo. Irritação no trabalho? Briga com o marido? Tudo se resolve de braços dados. Para-o-mundo-que-eu-quero-descer? Vem cá, amiga, me dá o braço que a gente desce. É muito ruim andar pela vida sem saber onde por as mãos.

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