Das besteiras da gente apaixonada
Os solteiros sempre alertam que gente apaixonada fica
besta. Mas a gente apaixonada continua sem dar ouvidos, ou pelo menos
justificando as pequenas babaquices. Oh, cupido! Em que alucinógeno passaste
tua flecha?
A gente apaixonada podia falar do trabalho, das festas,
dos estudos. Podia debater os temas mais intrigantes do momento, em nível de
política econômica ou do começo de mais um Big Brother Brasil. Podia tentar
encontrar soluções para os problemas mais graves que assolam a humanidade.
Podia trabalhar na cura do câncer. Mas não. A gente apaixonada prefere namorar.
Pior! A gente apaixonada prefere escrever sobre o amor.
Não bastasse a história da literatura ocidental ter
começado com uma gente apaixonada besta que enfurece os deuses. Não bastassem
todas as valsas, os tangos, os bregas, os sertanejos e o Roberto Carlos. Não
bastassem todas as comédias românticas que povoam nosso imaginário adolescente.
Não bastasse já amar, a gente apaixonada teima em querer continuar escrevendo
sobre o tema mais batido de toda a história da humanidade. A gente apaixonada quer
contar da sua experiência amorosa, do quanto é bom amar, do quanto a gente fica
feliz e vê graça em tudo na vida, de como acreditamos até na paz mundial!
O que mais vocês querem dizer? A gente apaixonada fala
das suas pequeninas felicidades o tempo todo! Do corpo quente ao acordar, dos
olhinhos sonolentos, dos apelidos carinhosos. Fazem fotos um do outro,
sorrindo, se escondendo, beijando-se, ao pôr-do-sol, ao luar – de preferência,
aquelas bem clichês mesmo. Escrevem sobre a experiência de ter um ao outro o
dia todo, das brigas idiotas, das brincadeiras que os fazem felizes por alguns
minutos, das conversas sobre um futuro que ninguém garante que chegará. Contam
a todos sobre um presente simples, mas que lhe fez chorar de tanta emoção.
Querem que todos fiquem felizes porque a gente apaixonada ouviu uma palavra de
amor hoje. Ô gente apaixonada mais besta!
Mas se querem falar, então falem! Exponham-se, escondam-se,
façam como quiserem! Continuem acreditando que a vida é cor-de-rosa (apesar de
eu preferir verde) e que seu amor é único (apesar de todo mundo apaixonado se
apaixonar basicamente pelas mesmas coisas). Só não jurem amor eterno, por
favor, que aí já é demais. Mas na hora de voltar pra realidade, acordem, e não
perturbem a vida de outro ser apaixonado que também está muito ocupado com a
própria felicidade. Deixem a demais gente apaixonada em paz para viver e falar
também do seu amor. Afinal, uma crônica sobre o amor ainda é bem vinda. Tem que
avisar esse povo aí.
Por que não a eternidade se ela "É o mar que se evade com o sol à tarde." ?
ResponderExcluirSe ela se for, então pode XD
Excluirpor que não a eternidade, se ela for a única opção que lhe resta.
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